sábado, 12 de março de 2011

O que todas sabem do Mar

Todo afogado morre afogado em lágrimas,
nas suas próprias, nas minhas.
E nas lágrimas derramadas por tantas mulheres
Que em desgraça, em desamor, suas almas sucumbiram.

Quando uma sereia canta é em acalanto à suas irmãs,
e também soa um canto de vingança sobre os homens.
Estes pobres miseráveis em espírito, enlouquecidos,
Vem ter seu fim sob a espuma branca que foi seu sémen.

O céu que se estende sobre o Mar, suave e liso,
é o lençol que cobre o leito
onde o parto ancestral das ondas
nos presenteia com os frutos bastardos
de amores traídos.

À terra cabe apenas aceitar e estender seu colo
para receber tamanha fúria salgada.
E se acaso chegar um dia
em que o Mar for grande demais,
Não sobrarão homens vivos para ver nosso dilúvio.

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