domingo, 2 de dezembro de 2012

Mutação


Eu criei um amor mutante,
com duas cabeças e lábios quentes.
Quantos cabem em mim?
Um ou sete bilhões de humanos?
Talvez eu tenha me evadido de mim,
para as alturas, em pleno gozo.

A lagartixa


Ai, o doce gosto da tua língua,
o forte e macio do teu toque.
Vem e me carrega para longe de outros olhos que não sejam os teus.
Mata tua fome, mata tua sede me matando de rir.
Tu és rocha aquecida pelo sol da manhã e eu sou tua lagartixa.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Ceninha

Espere sentado que eu me decepcione com você.
Isso tudo é tão fácil pra gente como eu.
Já fiquei na lama,
já cai da cama,
já chorei no escuro,
já pulei tanto muro.

Mas se você quiser eu faço cena
com tapa na cara e beijo de cinema.

(04/09/2011)

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Sorrateira

Se fugir fosse a solução
tudo seria felicidade desde que aprendi a andar.
Caminhar e fugir são o mesmo verbo pra mim.
Ando tanto, sem rumo, com qualquer sapato.
Já tentei bater corrida com minha sombra,
despistar as angústias, fazer a mente se perder.
Mas todos sabem o caminho de casa.

Agora eu ando bem devagar,
com os pés meio doídos de tropeçar.
Já conheço todas as trilhas e não olho mais o chão,
coloco meus olhos no mundo, nos outros.
Carrego o coração na mão e alguns beijos atrás da orelha.

domingo, 18 de setembro de 2011

E se não for nada?

Todo esse "e se" não leva a nada!
Temos ou não temos um ao outro.
É claro que não temos coisa nenhuma,
só desgosto, só desespero.
Andamos em círculos sobre velhos passos,
quando vamos pisar nosso próprio caminho?

Você quer pegadas, você quer espinhos,
eu, sozinha, vou seguindo.
Eu quero o mar, eu quero a lua,
eu quero andar nua!
Corremos tanto pra quê?
Veja, a verdade está bem aqui.
Não adianta, não me segure.
No seu mundo eu já morri.

sábado, 13 de agosto de 2011

Nenhum eu.

Meu banho quente não é pelo frio,
É para embaçar meu rosto no espelho.

Não há nenhum eu ali.
Não há o que refletir.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Catálogo

Tem amor que ensina,
que liberta.
Tem amor que salva.

Tem amor que nasce,
que transborda.
Tem amor que volta.

E tem amor como o meu
que sorri e que também chora.
E tem amor como o teu
que promete nunca ir embora.

Tem amor que destrambelha,
que desassocega.
Tem amor que desatina.

Tem amor que ascende,
que queima.
Tem amor que termina.

E tem amor como o meu,
que não principia nem acaba.
e tem amor como o teu,
que trás flores e perfuma a casa.