sexta-feira, 25 de junho de 2010

Relato

O garoto parecia um pêssego fresco,
Macio, aveludado, doce.
Cabelo dourado e olhos de céu.
E eu era Blanche Dubois realizada.

(26/04/2009)

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Minha querida ilusão

Em uma noite de cheiro quente,
Todas as luzes se ofuscam,
Me divertem, me embriagam.
Eu corro e danço no meio dessa gente,
E não ligo para o que pensam.
É a você que eu quero chegar,
É a mim que vamos celebrar.

Uma madrugada eterna era o que eu queria,
Iluminada e salgada.
Mas o sol apereceu enquanto a gente dormia,
Transformou nossa festa em porcarias jogadas.
Eu levanto e parto,sem esquecer de nada,
Porque o dia estraga qualquer conto de fadas.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

O suor da noite

As coisas se encaixam na minha mente desajustada.
As pequenas loucuras inocentes e discretas
Mostram a cara e tomam formas cruéis e assustadoras,
Espetam agulhas em meu peito,
Insitam dores agudas e medos ilusórios.

Fantasmas ocultos da inconsciencia
Assombram minhas noites solitárias,
Projetam suas sombras nas paredes do meu presente,
Alimentam a melancolia dessa vida vazia.
E meu ninho quente nessa sinistra madrugada
É a insanidada de aluguél.

(28/03/2007)

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Nua e crua

Sexo sem amor não é nada,
É masturbação mútua.
Pode ser feito entre dois, três,
Quatro, dez pessoas,
Mas é sempre cada um por si.

Camisinhas por toda a parte.
Camisinhas nas orelhas
Para disfarçar os gemidos falsos
E proteger do risco de algum verdadeiro.

Quando acaba, e acabamos uns com os outros,
É aperto de mãos e adeus,
Tenha um bom dia.

(09/01/2010)

Abstinência

A comida perdeu o sabor,
Meu trabalho não compensa.
Na roupa suja, um cheiro que não é meu.
Os sentidos desenganados,
Embriagados em memórias.
Minha língua buscando teu gosto.
Sou capaz de lamber as paredes por um gole de ti.

(12/11/2009)

Síntese

Meus relacionamentos são como flores que se colhe pelo caminho, desfruta a beleza, o perfume...mas uma hora fica para trás, e eu sigo.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Lapso

Corro contra o tempo,
Pois os grandes são imortais.
As paredes são de água limpa,
Oprimem as sujeiras da mente.
Na melancolia do futuro
Os dias se esvaem,
Como o ar do último sopro.
A grande ilusão começa a turvar.
Recuso o ventre que me concebeu,
Seu sangue quente é um veneno.
As cobras desse ninho sugam minha alma e sonhos.

(25/02/2008)

Tive um sonho...

Que coisa é essa que você tem,
Esse cheiro, essa pele?
E trás toda a delícia dentro da boca.

(10/05/2009)

O chá.

Ainda sou eu mesma,
mas não sou mais inteira.
Sou metada do que nos tornamos.
Até o chá ficou pelo meio
em cima da mesa,
depois da última noite que tivemos.
Tento seguir com minha vida,
mas é meia vida.
A outra metade está na tua mão.

(2006)

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Peste Negra

Algo se apodera de mim
Me cega, me engana, me destrói.
Algo que não estava aqui a pouco,
Derrepente me invade e me domina.

Da minha boca saem facas.
Meus olhos em chamas.
E meu coração comprimido
Não consegue desaguar.
E meu coração dolorido
Não consegue amar.

Algo veio e me prendeu num poço,
Me roubou a luz e a beleza.
E essa mancha negra se espelha.
E essa doença contamina o que há ao redor.

Onde está minha brisa de aurora?
Onde está o canto do Sol?
Me resta ainda o sopro da fênix
E no meu peito uma luz começa a brilhar.