segunda-feira, 30 de maio de 2011

Meu pedido

Se pareço bonita aos teus olhos,
então consome minha beleza.
Mas em troca me dê algo que dure mais que uma noite,
mais do que uma promessa,
e que me deixe algum cheiro grudado na roupa.

(15/05/2011)

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Uns corpos

O que é o nosso corpo,
senão a beleza própria de cada corpo comum?
É o reflexo dos nossos mais profundos sentimentos.
A roupa da alma, adaptada para a vida que se quer levar.

É a maquina orgânica do mundo concreto,
que se torna tão abstrato
quando só resta o corpo e mais nada
num quarto a meia luz.

domingo, 15 de maio de 2011

Me dedusa: Esfinge? Medusa?

Eu sou um animal raro e absurdo
e ninguém nesse mundo pode me compreender.
Talvez nem eu mesma entenda essa minha contraditória natureza.
Tenho pés ou patas, cabeça, peito
e um olhar furioso que varre o caminho à minha frente.

Marcas de dentes, garras e pêlos são os rastros que deixo.
Homens brutos no meu encalço
são o preço por sobreviver ao aborto dessa terra.
Em qualquer noite sem lua você vai ouvir
um choro compulsivo que sai de entranhas e ecoa estridente.
Feche sua janela, apenas essa noite.

Ao amanhecer você não vai me ver,
nem sentirá meu cheiro agridoce pelos cantos.
Na luz do dia eu sou sombra,
no escuro eu sou o sangue no seu vinho,
no amor eu sou a morte.

(29/04/2011)

Chouriço

Um dia...é o suficiente para me ter e me perder de uma só vez.
Uma só facada bem dada faz o porco sangrar até a última gota secar.
Uma só moeda jogada na calçada dá um belo copo de cachaça.

Uma moeda, uma faca, um tapa na cara que me vem do nada.

Na mesa do bar eu pago pra te matar:
"Termine logo com isso, porco, de hoje não pode passar.
Escorra todo o sangue enquanto ele berrar."